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O termo clínico “torcicolo” vem de duas palavras latinas: tortum collum, que significa pescoço torcido. Normalmente, o torcicolo congénito não é um diagnóstico, mas sim uma manifestação de uma variedade de condições subjacentes. Pode resultar de causas congénitas ou adquiridas. Pode ocorrer em qualquer idade, dependendo da etiologia.

O torcicolo congénito é definido como uma contratura ou fibrose do músculo esternocleidomastóideo, de um lado, levando a uma inclinação homolateral e rotação contralateral do pescoço e cabeça. Menos comum é encontrar uma inclinação e rotação para o mesmo lado.

O torcicolo congénito geralmente manifesta-se no período nas primeiras semanas de vida. A taxa de incidência mundial de torcicolo congénito varia entre 3,9 a 16% dos recém nascidos e é mais comum no sexo masculino.

Se observar alguém virar a cabeça para um lado, verá que um músculo se destaca na parte da frente do pescoço. Chama-se esterno-cleido-occipito-mastoideu (ECOM). Este é um dos músculos responsáveis pelo torcicolo congénito em bebés e adultos. Devido à sua origem na base do crânio e inserção na clavícula e esterno, ele é o principal responsável pela rotação e flexão lateral da cabeça.

Portanto, se houver espasmo / contratura do ECOM, faz com que o pescoço incline e rode para o lado oposto. Quanto maior for o espasmo, maior será a dificuldade em rodar a cabeça no sentido contrário ou simplesmente colocá-la em posição neutra. E isto é válido quer para bebés com dias de vida, quer para adultos.

Torcicolo Congénito – causas

Às vezes, o torcicolo desenvolve-se nas primeiras semanas de vida, mas também poderá estar presente ao nascimento. Pode ser causado pelas pressões do próprio nascimento ou pelo posicionamento ainda dentro do útero.

Embora os números não sejam absolutamente claros e as causas absolutamente definidas, há que ter em conta que partos instrumentalizados com uso de fórceps/ventosas, partos demorados e/ou com uma fase expulsiva difícil, bebés muito grandes vs útero pequeno, etc., podem criar tensões no crânio e pescoço do bebé, que poderão estar na origem não só do torcicolo, e também outras condições que podem estar presentes concomitantemente tais como plagiocefalia, obstrução do canal lacrimal, otites etc.

Como saber que o bebé tem torcicolo?

Há alguns pequenos sinais que podem ajudar a perceber se o bebé apresenta um possível quadro de torcicolo. Por isso, é importante o olhar a tento dos pais sobre pequenos comportamentos do bebé.

Desde cedo, é essencial que os pais estejam atentos a se o bebé apresenta alguma dificuldade na rotação do pescoço. Isso será particularmente evidente se o bebé tem clara preferência por mamar num seio em detrimento do outro, se não gostar de estar deitado de barriga para baixo ou se o faz com a cabeça virada sempre para o mesmo lado e se apresenta sinais de estar com a cabeça inclinada quando está ereto. Neste último ponto, nem sempre é fácil de avaliar, atendendo a que nos primeiros dias de vida o controlo motor da musculatura do pescoço é ainda muito prematuro.

Consequências

Ja vimos que bebés com torcicolo congénito tem uma limitação de movimento do pescoço. Isso pode causar outros problemas.

Se o movimento do pescoço de um bebê for limitado, o seu crânio poderá estar sujeito a diferentes tipos de pressão. Como os crânios dos bebês são particularmente moldáveis, isso pode levar ao desenvolvimento de zonas “achatadas”. O termo técnico para isso é “plagiocefalia” e é uma condição clínica cujas repercussões vão muito para além de questões meramente estéticas e é alvo de indicação absoluta para consulta de osteopatia pediátrica.

Movimentos limitados ou assimétricos, como no caso de bebés com torcicolo congénito, podem ter um efeito indireto no desenvolvimento de outros movimentos que aparentemente não dependem do pescoço para acontecer e que são fundamentais para o desenvolvimento motor do bebé. São disso exemplo os movimentos de rodar, gatinhar, sentar, andar, etc.

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Tratamento

O torcicolo congénito tem uma componente neuromuscular enormemente envolvida devido à contratura do ECOM, o qual deverá ser tratado na sessão de osteopatia pediátrica.

Os bebés são normalmente receptivos ao tratamento, portanto, tratar o torcicolo congénito geralmente é bastante simples, principalmente se o tratamento for feito nas primeiras semanas de vida.

À medida que os meses vão passando, o tratamento poderá ser mais desafiador, quer pela perda de capacidade de adaptação dos tecidos agora menos moldáveis, quer pelo aparecimento de outros sintomas a serem geridos concomitantemente, como é o caso de alterações do foro digestivo (cólicas, refluxo, obstipação, etc.). Mas ainda assim é de extrema importância que não continue a ser adiado.

A Osteopatia Pediátrica tem a particularidade de ser uma medicina integrativa na medida em que vê o paciente como um todo. Ou seja, mais do que o torcicolo, tratamos um bebé que tem um torcicolo e devemos perceber que outros sinais e sintomas existem no sistema musculoesquelético, mas não só.

Como referido, nestes casos existe uma enorme correlação com outros sistemas. Um bebé que esteja a ser tratado a um torcicolo congénito mas que não seja tida em conta a qualidade do seu sono ou da sua digestão, será um bebé com o seu sistema nervoso autónomo potencialmente em disfunção.

O papel do Osteopata, portanto, é fazer a integração de todos esses sistemas e tratar “aquele” bebé na sua individualidade e com todas as variáveis que acompanham a queixa que o trouxe ao consultório.

Objetivos do tratamento

  • Diminuir a dor/desconforto do bebé;
  • Reduzir os espasmos muscular / contratura do ECOM e musculatura adjacente;
  • Aumentar a amplitude de movimento;
  • Garantir que todas as estruturas adjacentes (cabeça, cervical, face, etc) não sofreram adaptações que poderão influenciar no aparecimento de outros sintomas no futuro como por exemplo disfunção temporo-mandibular;
  • Promover a simetria estrutural e de movimento;
  • Verificar e normalizar a função do sistema nervoso autónomo;
  • Promover a educação parental e/ou dos cuidadores de forma a que o tratamento seja mais rápido, eficaz e duradouro.

Tarefa para os pais e o bebé

Juntamente com o tratamento prático durante as suas sessões de tratamento do torcicolo congénito, o seu osteopata pode aconselhá-lo para ajudar na melhoria do seu bebé entre as sessões.

Dar ao seu bebé muitas oportunidades e motivos para virar a cabeça para os dois lados ajudará a fortalecer o pescoço à medida que a mobilidade retornar. No caso da mãe, se estiver a amamentar, queremos que ambos se sintam confortáveis ​​em se alimentar igualmente em ambos os lados, assim como se o aleitamento for artificial o bebé deverá ser estimulado a ingerir o leite independentemente do lado que este lhe está a ser oferecido. No entanto isso pode não ser possível antes que o músculo comece a relaxar, o que constitui indicação para consulta de Osteopatia Pediátrica.

Deitar o bebé de barriga para baixo com supervisão de um adulto (Tummy Time), ir alternando a posição da cabeça do bebé no ovo, cadeira, etc., também devem ser práticas do dia-a-dia.

Acima de tudo, é importante que os pais se mantenham acompanhados por bons profissionais e que peçam ajuda nas questões de saúde a quem sabe, para que o stress não se sobreponha a tudo o resto, impedindo de tomar as melhores decisões e roube a magia de uma das fases mais bonitas da vida de qualquer pessoa.

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Referências
  • Gundrathi J, Cunha B, Mendez MD. Torcicolo Congênito. [Atualizado em 15 de março de 2022]. In: StatPearls [Internet]. Ilha do Tesouro (FL): Publicação StatPearls; 2022 janeiro-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK549778/
  • Kaplan, S. L., Coulter, C., & Sargent, B. (2018). Physical Therapy Management of Congenital Muscular Torticollis: A 2018 Evidence-Based Clinical Practice Guideline From the APTA Academy of Pediatric Physical Therapy. Pediatric physical therapy : the official publication of the Section on Pediatrics of the American Physical Therapy Association, 30(4), 240–290. https://doi.org/10.1097/PEP.0000000000000544