Vamos começar pelo início: o que é a dor lombar e o que precisa saber para lidar com ela?

Para falarmos sobre a dor lombar e tudo o que precisa saber para lidar com ela, devemos começar por entender o que é a dor lombar! A dor lombar é uma dor localizada na parte mais baixa da coluna vertebral (região lombar) e é a maior incapacidade física do mundo.
Embora muito raramente esteja associada a uma doença mortal, a dor lombar é uma das condições de saúde que mais tira dias de qualidade de vida à maioria das pessoas (cerca de 80% da população).
 

Dor lombar e o sistema tradicional de saúde

É assustador perceber, que com o avanço da escolaridade média, da tecnologia, da informação, etc., a dor lombar é uma condição que, por exemplo, na faixa etária dos 44-49 anos “apenas e só” duplicou em número de pessoas afetadas nos últimos 25 anos. Ou seja: há mais pessoas a sentir dor lombar, durante mais tempo e com maior grau de incapacidade com alto impacto nos sistemas de saúde, nos seguros, nas empresas e – claro – na própria pessoa, que muitas vezes se vê impossibilitada de trabalhar, cuidar dos seus, ter uma noite de sono, jogar futebol com os amigos, ir ao ginásio, estar em pé num evento, ir ao supermercado, etc.

Estes factos, amplamente estudados nos últimos anos, conduzem a uma conclusão que é imperativo que se consiga fazer chegar ao maior número de pessoas possível. E a conclusão é que o “ecossistema saúde” está a falhar nos cuidados à dor lombar (e não só, mas vamos nos ater a este tema): a começar pelos sistemas de saúde – porque ‘oferecem’ à população tratamentos obsoletos e ineficazes, que hoje em dia carecem de evidência científica; a par, muitos profissionais que caem no mesmo erro dos sistemas de saúde (ou são vítimas dele) e abordam a dor lombar crónica com um recurso abusivo a exames de imagem que para pouco ou nada servem e usam e abusam de uma linguagem nociva que coloca na cabeça dos pacientes problemas que os fazem crer que são portadores de uma condição clínica condenada ao insucesso, a cirurgias, ao abandono das suas profissões e hobbies e a adoção de comportamentos de medo do movimento (por exemplo “muito cuidado ao dobrar a coluna”).

A solução para contornar esta espiral negativa passa por seguir as evidências científicas que guiam as boas práticas clínicas para a resolução da dor lombar.

Para buscar tratamento para a dor lombar é preciso conhecimento

Os termos “literacia em saúde” ou “educação em dor” estão bem longe do vocabulário usado pela maioria dos portugueses, isso inclui aqueles que sorem de dor lombar. E é por esta razão que muitas vezes a maioria das pessoas desconheça qual ou quais os tratamentos mais adequados para a sua condição clínica e deixando-se levar pela opinião de alguém que teve algo parecido (no caso da dor lombar há uma probabilidade de quase 100% de conhecer alguém que já tenha tido uma crise), o que as coloca à mercê de condutas terapêuticas obsoletas ou venda de tratamentos (que nada têm de) milagrosos e cujo único efeito comprovado é gastar dinheiro.

O que não ajuda no tratamento da dor lombar

Se é uma pessoa que quer resolver o seu problema e tratar a origem da sua dor, precisa de partir de alguns pontos de entendimento básicos. Estes pontos são um resumo da melhor evidência científica disponível atualmente relativamente aos principais erros que profissionais e pacientes cometem no tratamento da dor lombar crónica:

  • Os exames de imagem são praticamente inúteis: RX, TAC, Ressonância magnética servem para saber se a pessoa tem uma fratura ou uma doença grave (por exemplo tumor). Um clínico experiente, saberá na maior parte das vezes fazer esse despiste na entrevista clínica e em 99% das vezes sem ter de recorrer a esse tipo de exames. Fá-lo-á, se no final do exame clínico ainda tiver dúvidas, o que é raro;
  • Os exames de imagem, além de inúteis, ainda atrapalham o tratamento: no relatório dos exames de imagem constam palavras que poderão ser assustadoras para um leigo – hérnia, desidratação, profusão, abaulamento, desgaste, etc., São palavras que relatam o estado da estrutura naquele momento, mas que não estabelecem nenhuma relação com dor. No entanto, quando isso não é devidamente explicado ao paciente (o que acontece na maioria das vezes) leva a que este entre num estado de medo pela sua condição de saúde, medo do movimento, aumento do stress, ansiedade e inclusivamente aumento da própria percepção dolorosa. Por isso, já existem estudos que demonstram que as pessoas que recorrem a exames demoram mais tempo a responder ao real tratamento e e têm maior probabilidade de cronicidade. A chave é: boa avaliação física sem recurso a exames de imagem;
  • O repouso poderá ser útil num muito curto prazo em que esteja num quadro agudo de dor e não se consegue mexer (e consequentemente precisa de ajuda profissional). Quando estamos a falar de uma dor crónica, o repouso é muito mais prejudicial do que benéfico;
  • O uso de medicação também poderá ser útil apenas em quadro agudo, por curta duração e se não houver contraindicação para o uso da mesma. Tentar tratar dor lombar crónica com recurso a medicação é simplesmente estar a enganar-se a si mesmo, correndo o risco de ainda agravar o problema a longo prazo.

O que realmente ajuda no tratamento da dor lombar

fica uma lista daquilo que de mais atual existe na abordagem à dor lombar crónica e que está provado que funciona:

  • Educação em dor: se ficou surpreendido com aquilo que foi dito até aqui, se já se submeteu a tratamentos que não funcionaram, se já “acreditou” no relatório do seu exame de imagem, lamentamos informar, mas é uma pessoa com baixa literacia em saúde. O ponto fulcral para resolver um problema de longo prazo é conhecer o problema, saber claramente quais são as boas e más condutas que levam a um desfecho que se traduza na redução da intensidade de dor. Não estamos a dizer que tem de ser profissional de saúde, nem tirar uma formação para entender o problema. Estamos a dizer que deverá procurar um profissional que lhe dê ferramentas para que não fique dependente de sessões de “manutenção” e consiga no seu dia-a-dia ter estratégias que o permitam viver sem dor e na plenitude das suas capacidades físicas.
  • Osteopatia / Terapia Manual: em situações em que existe dor que limita o movimento, estas são as condutas mais indicadas para o retorno tão breve quanto possível à atividade. Uma avaliação física minuciosa, irá recolher a informação necessária para perceber que tipo de alterações posturais, mecânicas, de movimento, etc., contribuíram para o aparecimento e manutenção da dor. É uma abordagem que deverá ser global e integrar todos os sistemas do corpo e tenha em conta fatores do dia-a-dia do paciente que influenciam a dor crónica como qualidade de sono, stress, ansiedade, insatisfação laboral, etc. Tratamos pacientes e não máquinas, pelo que conhecer o contexto em que o paciente se insere é fundamental para conseguir atingir o sucesso terapêutico o mais rápido e duradouramente possível.
  • Terapia cognitivo comportamental: Quando existe uma grande cronicidade, poderá ser necessário recorrer a um psicólogo que o ajude a lidar com eventuais desequilíbrios do sistema nervoso autónomo e eventuais crenças desajustadas em relação ao tratamento da dor. Stress, ansiedade, catastrofização e medo do movimento estão comummente presentes nos quadros de dor crónicas e estes profissionais são importantes no processo, principalmente se as terapêuticas supracitadas não estiverem a fazer o efeito necessário.
  • Exercício: é o maior aliado das pessoas com dor. Não numa situação de crise, mas quando a dor é latente e permite o movimento, será igualmente o movimento a ajudar a tratá-lo. Mesmo (e principalmente) em casos em que existe medo de abaixar, dobrar a coluna, etc., essas pessoas devem ser gradualmente expostas a esse tipo de movimentos, para que o cérebro possa novamente ficar confiante e deixar de “mandar” produzir dor nesses momentos; Ignorar este ponto, significa perder um dos maiores aliados no tratamento da dor crónica e eventualmente ficar mais dependente dos supracitados para viver sem dor.
Se compararmos “aquilo que funciona” vs “aquilo que não funciona”, a maior parte da população tem acesso a tratamentos e a profissionais que optam por condutas que neste momento ou não têm validade científica ou a validade que têm é que efetivamente pioram ou “cronificam” o quadro clínico já existente. Isso é catastrófico e leva as pessoas numa direção de espiral de dor da qual não sabem como sair.

Como a OsteoFocus trata a Dor Lombar

Na Osteofocus – Clínica de Osteopatia no Porto, temos uma abordagem global, pragmática e assente naquilo que está provado que funciona. Não se trata de ser Osteopatia, Fisioterapia, Pilates Clínico, etc., trata-se, sim, de conhecer o paciente, como ele chegou a determinado ponto de dor e que capacidades tem de sair da mesma.

Qual é a sua história, que “estórias” já lhe contaram, que crenças traz consigo..? São pontos que têm de ser previamente avaliados para perceber onde está o ponto de viragem na sua vida!

Um paciente que um dia teve uma crise de dor, lhe sugeriram fazer um exame de imagem que acusou uma (ou duas, ou três hérnias) e lhe disseram que tem de viver com dor para o resto da vida e vai ficar parado à espera de ter de ser operado, é alguém a quem foi “introduzida” uma crença profundamente disfuncional sobre dor. E o paciente não sabe! E vive que com isso.. E “isso” perpetua a sua dor e o seu medo de se movimentar.

O assustador é que é isto ou algo muito semelhante que acontece à esmagadora maioria das pessoas que tem dor crónica. Temos de atuar na base, na educação, na entrega de literacia e educação sobre estes temas, para que quando uma dor aguda apareça, o paciente saiba o que tem de fazer para que esta não se torne crónica. E quando a dor já é crónica, o paciente tenha ainda alguma esperança e saiba que é possível voltar a viver sem dor.

Tem alguma dúvida sobre dor lombar que gostaria de ver esclarecida? Entre em contacto connosco. Teremos todo o gosto em poder ajudar.