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A hérnia de disco, na maior parte das vezes associada a episódios de forte dor cervical ou lombar, é, talvez, das mais temidas condições pelos pacientes. Talvez por ser comummente associada a um fim de linha, cuja única opção de tratamento é a cirurgia, na qual as garantias de devolução de 100% da função da coluna são bastante limitadas.

Mas será que é assim?

Efetivamente, a cirurgia poderá ser uma hipótese se sofre de dores lombares ou se já lhe foi diagnosticada uma hérnia, mas é certo que será sempre a última das opções (e existem várias não-invasivas e pouco dispendiosas).

O objetivo deste artigo é mostrar até que ponto faz sentido pensar que necessita ser operado(a) caso viva com episódios de dor ou mesmo se já lhe tiverem dito que os seus exames de imagem mostram que tem uma hérnia discal.

O que vai encontrar neste artigo:
  • O que é hérnia de disco e como se manifesta;
  • Quais são os sinais de que realmente poderá ser a hérnia a provocar os sintomas?
  • Quais são as soluções conservadoras a curto e a longo prazo?
  • Qual é o papel do Osteopata nestes casos?
  • Como prevenir uma hérnia de disco?
  • Curiosidades
  • Resumo
 

Começando pelo início… O que é hérnia de disco

A nossa coluna é composta por vértebras e entre essas vértebras existe um disco, cujas principais funções são absorção das forças (gravidade, forças reativas do solo, etc.) e permitir movimento.

Posturas viciosas, fraca ativação de músculos posturais ou certos antecedentes clínicos (por exemplo cirurgias) poderão modificar a função desse disco, sobrecarregando-o.

Numa primeira fase, esse disco poderá ter um PROLAPSO OU PROTUSÃO DISCAL, que consiste no rompimento de algumas fibras do anel que o envolve (e que é NORMAL que a maioria das pessoas tenha).

Numa segunda fase, e após o rompimento dessas fibras, o material até então circundado por esse anel fibroso pode sair, formando uma HÉRNIA DISCAL.

Essa hérnia será tão mais ou menos grave consoante esteja ou não a comprimir alguma estrutura, nomeadamente nervosa.

Para contextualizar, falemos sobre a realidade.

Estudos indicam que pouco tempo depois de pararmos de crescer, os discos começam a apresentar sinais de desgaste e que é comum pessoas mesmo que nunca tenham tido dores, a partir dos 25 anos já apresentam nos exames de imagem sinais de desgaste nos seus discos. Mais… 60% das pessoas com 50 anos, que nem sabem o que é uma dor de costas e se submetam a um desses exames, irão DE CERTEZA apresentar “problemas no disco”.
 

O que isso significa?

Se sofre de dores de costas e foi fazer um exame cujo relatório inclui as palavras “discopatia”, “abaulamento discal”, “protusão”, “hérnia”, etc., deve consultar um especialista, no entanto não entre em pânico, porque por muito intensa que seja a sua dor, não quer dizer obrigatoriamente que seja essa “hérnia” que a esteja a provocar.

Como já foi referido, muitas pessoas que não têm dores, poderão ter esses achados imagiológicos aparentemente mais graves.

Um dos objetivos deste artigo é sensibilizá-lo para a pertinência de ser avaliado por um clínico que lhe faça um bom exame físico e que este é na grande maioria das vezes muito mais útil que os dados relatados por um exame de imagem tal como um RX, TAC ou ressonância magnética.

Por quê?

Porque a origem da dor irradiada, na maioria dos casos, não se deve a um dano estrutural, mas sim a outras condições clínicas que são diagnosticadas através de entrevista clínica, exame físico, testes musculares, neurológicos e articulares, cuja interpretação é mais eficiente do que a imagem para descobrir a origem da dor.

Então… quais são os sinais de que realmente poderá ser a hérnia a provocar os sintomas?

Intensidade da dor no membro muito superior à que sente nas costas;
Já lhe foi efetuado um exame neurológico por um profissional de saúde que acusou défice neurológico;
Dormência e formigueiros na mesma região e essa localização estar associada apenas a uma raíz nervosa (dado muito importante a recolher no exame físico).
 

Quais são as soluções conservadoras a curto e a longo prazo?

Curto prazo – Terapêuticas como a terapia manual e a Osteopatia apresentam excelentes evidências clínicas e científicas de que os pacientes conseguem aliviar as suas dores em poucas sessões.

O objetivo deve ser sempre descobrir a causa primária do problema mecânico e agir sobre ela.

Os mesmos estudos desaconselham repouso e/ou o uso de fármacos que aliviem a dor sem tratar a causa mecânica que a está a gerar.

Longo prazo – Assim que recupere alguns dos movimentos que até então seriam dolorosos, exercícios físicos prescritos por um profissional serão parte fulcral de todo o processo com o objetivo de devolver a função e retirar o medo do movimento: a ativação de determinados músculos irá dar maior estabilidade e mobilidade à sua coluna e que muito provavelmente estavam em défice ainda quando o seu corpo não apresentava sintomas.

Também questões nutricionais (associadas ou não ao controlo de peso) poderão ter um papel importante em todo o processo, quer melhorando a nutrição dos músculos e discos, quer diminuindo o esforço exercido por estes, se for um caso de controlo de peso ou em que seja necessário ganhar massa muscular.

Qual é o papel do Osteopata nestes casos?

Tudo começa com uma minuciosa avaliação em que é recolhido todo o historial clínico do paciente. Profissão, atividade física, cirurgias que já tenha feito, problemas intestinais e/ou menstruais, doenças, acidentes que tenha tido, intensidade e duração dos sintomas são alguns dos fatores que têm de ser tidos em conta numa avaliação deste tipo.

O objetivo do osteopata é chegar o mais perto possível da causa do problema e conhecer a pessoa que tem perante si para poder reabilitar de acordo com as suas necessidades específicas.

Ou seja, reabilitar um maratonista que quer continuar a correr, é diferente de reabilitar um operário fabril que pretende voltar a trabalhar sem dor, que é diferente de reabilitar uma avó que apenas quer poder brincar com o seu neto.

Assim sendo, não há protocolos de tratamento. Cada um é tratado na sua individualidade!

A abordagem osteopática, ao contrário do que muita gente pensa, não consiste em manipular a hérnia, ou fazê-la voltar para dentro. Consiste sim, em perceber que regiões do corpo se encontram menos funcionais e que durante um certo período obrigaram que outra região fosse muito (e mal) solicitada levando ao aparecimento dos sintomas.

O Osteopata dispõe de várias técnicas manuais que vão desde pequena oscilações, até mobilizações com maiores amplitudes, que visam restabelecer a normal função das estruturas e livrar a pessoa do medo que possa ainda existir em relação ao movimento.

As técnicas serão aplicadas de forma gradual, sendo previamente comunicadas ao paciente e consentidas pelo mesmo até que o movimento volte a ser feito com qualidade e o dia-a-dia sem dor se torne uma realidade.

Dessa forma, o Osteopata, avalia o corpo de maneira global e aplica as suas técnicas em locais, por vezes distantes da lesão, com o objetivo de reestabelecer a função global do corpo, para que este trabalhe sem sobrecarregar nenhuma estrutura.

A par desse tratamento manual, serão prescritos exercícios de ativação e fortalecimento com o intuito de tornar as estruturas aptas para o movimento e diminuir o medo do mesmo.

Assim sendo, esta será uma solução de longo prazo e não apenas um alívio temporário dos sintomas.

Como prevenir uma hérnia de disco?

Exercite-se!!

Fortaleça os seu sistema músculo-esquelético e faça-o em segurança, solicitando a ajuda de um profissional da área pois os exercícios devem ser prescritos de forma personalizada.

Não existem “exercícios bons para a lombar”… Existem pessoas que podem colher benefícios de um determinado conjunto de exercícios, mas que só se sabe quais são mediante uma avaliação. Fale com um profissional!

Curiosidades

  • Determinadas profissões que envolvam estar sentado durante muito tempo, ou conduzir veículos com muita trepidação são propícios a este tipo de problemas, por isso essas pessoas devem-se exercitar e não ignorar os primeiros sinais dolorosos do seu corpo, pois agindo numa fase precoce dos sintomas, é muito mais fácil atingir uma solução fácil e de longo prazo;
  • Predisposição genética é a causa de maior importância para a formação de alterações discais degenerativas;
  • Excesso de peso e o tabagismo são péssimos amigos da sua coluna e dos seus discos.
  • Existem mecanismos relacionados com a dor que podem “simular” uma dor idêntica à de hérnia discal. O exame clínico é muito mais efetivo do que exames de imagem para que se consiga fazer essa distinção.
 

Repouso, gelo, paninhos quentes e medicação não é tratamento! Nem tudo aquilo que alivia temporariamente, trata de forma efeitva.

Uma vez assintomático, siga as recomendações dos profissionais para que evite vir a ter problemas ou no caso de já ter tido, impeça que existam recidivas.

Resumo

  • Mesmo que tenha uma dor irradiada para um membro, é mais prevalente que a causa não seja uma hérnia;
  • O diagnóstico é feito através de entrevista clínica e exame físico;
  • O exame físico é mais útil no diagnóstico da dor do que exame de imagem;
  • Exames de imagem são indicados APENAS para excluir patologia grave (após exame físico) ou nos quais já se recorreu a tratamento conservador, este não funcionou e a cirurgia é recomendada;
  • O tratamento conservador poderá durar cerca de 6 a 8 semanas e inclui terapia manual e exercício;
  • A cirurgia pode fornecer um alívio rápido dos sintomas nos membros, mas é menos eficiente que o tratamento conservador (osteopatia, exercício) a longo prazo.